Direcção de projecto: Joana Braga
Concepção: Diogo Alvim e Joana Braga
Apoio à Concepção: Andresa Soares
Imagem: Tânia Moreira David
Documentação: Pedro Jafuno
Design Gráfico: Ana Teresa Ascensão
Produção Executiva: Ricardo Batista
Produção: Descampado Ocupado
Apoio à Comunicação: Antena 2, Coffeepaste
Financiamento: República Portuguesa - Direcção Geral das Artes
Os Passos em Volta é um percurso em torno do vale de Alcântara que explora a dimensão performativa do caminhar e propõe um jogo de percepção através do som, da imagem e da palavra, procurando interrogar e reconfigurar a nossa relação com os tempos e usos da cidade. A fisionomia deste vale é sulcada pelas vias de ligação automóvel e ferroviária que remeteram para a invisibilidade subterrânea o curso da ribeira de Alcântara. Ao mesmo tempo, rasgam o tecido da cidade, isolando bairros que, no meio do traçado viário proliferativo, se tornam uma espécie de ilhas, enclaves envolvidos pelo mar viário, estilhaços do que foi a trama contínua da cidade. Considerada como a maior bacia hidrográfica de Lisboa, a morfologia desta área esconde a presença da água, que se manifesta apenas na recorrência de inundações sazonais. Cruzando o vale e percorrendo os bairros implantados nas suas encostas, o trajecto cruza zonas familiares, espaços negligenciados na história urbana e lugares escondidos, revelando a complexidade dos estratos que o compõem. Propõe, assim, um mergulho neste território profundamente marcado pela tensão entre os grandes gestos de organização do espaço urbano e as formas de o habitar quotidianamente. Em pontos específicos do percurso retomaremos a visão de pássaro similar à do planeamento, presente na contemplação distanciada da paisagem, para depois mergulharmos todos os sentidos nos detalhes de cada lugar que atravessamos e que simultaneamente nos atravessam. A experiência da caminhada será entrelaçada a uma constelação de estímulos, um conjunto de propostas sonoras, visuais e discursivas que procuram alterar a percepção e potenciar novas leituras, para suscitar uma experiência caleidoscópica, uma profusão de pontos de vista e de escuta que se reconfiguram sucessivamente ao longo do percurso.
Joana Braga é arquitecta, artista, investigadora. O seu trabalho articula práticas espaciais, discursivas, sonoras, visuais e performativas para explorar a experiência estética do espaço e também as suas dimensões culturais, políticas e sociais. Debruça-se sobre a caminhada como prática experimental e artística para repensar criticamente o espaço habitado e a relação que com ele estabelecemos. A sua actividade tem sido multifacetada, compreendendo a investigação, a curadoria, a escrita e a prática artística.
Diogo Alvim estudou arquitectura e composição. Trabalha na fronteira entre a música e a artes sonoras, explorando as suas interações com a arquitectura, e contextos específicos. Interessa-se por expandir a prática da composição musical enquanto dispositivo de investigação e transformação. Trabalha regularmente em colaboração com coreógrafos, encenadores, performers e artistas visuais e sonoros.